Um Convite ao Livre Pensar

Olá, sou escritor e estou aqui para divulgar o livro: A busca dos Posicionamentos Existenciais Sustentáveis.

Gostaria de criar um espaço para os livre pensadores e oferecer ao leitor, ensaios filosóficos.

Vamos dialogar! Participe!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Noite do Lançamento (Carpe Diem) Música, Literatura, Bate-papo e Amigos








ABORDAGENS ENFOCADAS PELO AUTOR

1. Das razões da elaboração do texto

Qualquer pessoa tem o direito de escrever um livro, desde que aceite o compromisso de se fazer entender. Se os propósitos da literatura devem ser sempre uma “expedição em direção à verdade”, porque não enfocar a questão dos “valores” com objetividade, ecletismo, clareza e seriedade de propósitos?

Haveremos de considerar que, como ocorre nos conteúdos imediatos de qualquer objetivo humano, também o valor literário está presente, como um “produto do manifestar-se” (desde que em prol da criação da capacidade apreciativa da consciência).

É impossível abordar o tema dos “valores humanos” (desempenhados no processo vital) sem considerar as escolhas pessoais que resultam das decisões da vontade e das preferências do gosto. E se a proposta de abordar o tema é tentadora, porque não procurar dar maior ênfase à “beleza que há em tudo” e ao “prazer que pode decorrer de tudo”?

Ora, o exercício construtivo de compartilhar conhecimentos sobre experiências vividas muito contribui, positivamente, para a estruturação de uma razoável “concepção da vida”, de uma atualizada “visão do mundo” e de uma correta “leitura da realidade” (como bem o disse o grande filósofo austríaco Wittgenstein, “os limites de minha linguagem são também os limites do meu pensamento”).

No entanto, haverão de surgir dificuldades de expressar idéias e propor reflexões filosóficas diante dos atuais estágios de nossa malbaratada “identidade nacional”, que anda meio confusa: por desgraça do discurso demagógico dos governos, das mentiras das ideologias políticas, da frouxidão de caráter do neoliberalismo, da corrupção desenfreada do capitalismo, da apatia cívica dos cidadãos (eleitores, contribuintes e consumidores) e do conformismo político do povo, o Brasil vem se consolidando como um eterno “país do faz-de-conta”.
 
Costumamos chamar nosso país, eufemisticamente, de “o país do futuro”, “o país das energias renováveis” ou “um gigante pela própria natureza” (mas os povos mais civilizados sempre nos vêem como “o bananão da América Latina”). Entre as mentalidades mais realistas, estão sempre a ecoar verdades conceituais que, além de ironizarem nossas origens, insistem em afirmar que somos “um país incrível” (em que até o passado é imprevisível) e que, em matéria de costumes, somos um “país muito estranho” (onde prostituta tem orgasmo, cafetão sente ciúmes, traficante é viciado, pobre é “de direita” e os políticos mais sacanas são recolocados no poder).

Em sendo assim, como orientar a busca de “posicionamentos existenciais” num país avacalhado e avacalhador, cujo povo é caracterizado pelo imobilismo, pela descrença e pela “razão cínica”, ou num país onde a luta interna mais equilibrada é a da corrupção organizada contra o crime desorganizado?

Apesar de tudo, vemo-nos hoje inseridos na cultura mundial, graças à invasão da tecnologia e do avançado universo de informações que possibilita a atualização de novos conhecimentos. Mas, nada tem sido capaz de embasar nossos posicionamentos existenciais ou orientar nosso comportamento, justamente quando mais precisamos combinar as melhores idéias do “pensar dominante” com as boas emoções do “sentir dominante”.

Em busca de uma boa “orientação no mundo”, haveremos de considerar as questões que envolvem a objetividade (a visão responsável que caracteriza pensamentos cuja validade contribui para a universalidade dos espíritos) e a subjetividade (capacidade de pensar apenas pela mente sintonizada com os aspectos sensíveis do ser).

Enquanto a objetividade representa a “tendência de julgar pelos fatos” (sem se deixar influenciar por sentimentos), a subjetividade compreende a “tendência de julgar tudo somente pelos próprios sentimentos”, especialmente as prevenções ou predileções que os fatos inspiram (mas, gerando condicionamentos psíquicos profundos, que levam à aceitação de modelos impostos, ao empenho à repetição das ações e ao retorno do coração às mesmas coisas de sempre).

Acontece que, em seus propósitos de “manter as coisas como estão” (para garantir a governabilidade e potencializar o mercado), a mídia dos sistemas de poder” investem investe mais em apelos à subjetividade das pessoas, para que elas passem a falar, a gostar, a pensar e a agir de acordo com o programa do sistema em vigor. Tudo é orquestrado no tom de conceitos existencialistas que insinuam que “vale a pena ir contra a objetividade”, pois, se a vida implica engajamento e risco, o existir passaria a ser “escolher e apaixonar-se!”.

No entanto, para quem assume os compromissos da evolução (proposta básica da Natureza), torna-se recomendável ordenar o pensamento, organizar as idéias e desenvolver a inteligência (em prol de ações objetivas e éticas na realização de grandes feitos positivos) e, também, manter acesa a sensibilidade para alimentar a “criatividade” (em prol da aplicação da “inteligência sensível” na busca da felicidade concreta). Afinal, só evolui quem consegue resolver seus próprios problemas!

Como sabemos, a realidade costuma mostrar que a vida é espontânea, aleatória, arbitrária e, muitas vezes injusta. Por conseqüência do contínuo projeto vital, o ser humano é inacabado, inconcluso e imperfeito. E parece não haver solução, pois a vida é assim mesmo: insiste em mostrar que não aceita controle!

Por isso, para ultrapassar a razão, precisamos abrir a mente e desenvolver as aptidões intelectuais, de modo a compor a inteligência que, combinada com as potencialidades da sensibilidade, é capaz de gerar a tão pretendida sabedoria (para que a consciência seja capaz de orientar o espírito como fator preponderante da busca da felicidade concreta). O problema é que a vida só nos dá a sabedoria depois de nos roubar a juventude!

A personalidade é uma qualidade integrada por todas nossas categorias cognitivas, afetivas, volitivas e físicas (algo muito importante para a determinação dos nossos ajustes sociais). Conceitualmente, ela representa a síntese dramática de cada um de nós: a forma de ajustamento de impulsos, dos desejos e dos propósitos individuais ao equipamento cultural. Por compreender a “organização dos sistemas psicofísicos que determinam nossos ajustamentos ao meio”, ela constitui a “individualidade consciente”, caracterizada por três atributos: a interioridade, a liberdade e a unicidade.

Nossa personalidade é estruturada em seis importantes pilares: o temperamento (característica inata, que define a índole e compõe os traços psicofisiológicos), o caráter (característica adquirida, construída na lida do cotidiano, e que tipifica a conduta moral), as aptidões intelectuais (o conjunto das faculdades de pensar, de raciocinar, de entender e de interpretar, como frutos da inteligência), a expressão artística (técnica de usar, objetivamente, a capacidade intelectual, ou a habilidade talentosa para gerar a própria imagem na apresentação do seu “equipamento cultural”), o comportamento (o modo de portar a conduta e os procedimentos morais em face do meio social) e as tendências doentias (ameaças constantes que precisam ser bem policiadas).

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

AMANHÃ - MÚSICA DE PRIMEIRA

(Manassés de Sousa, 37 anos de carreira e 12 CDs gravados.Tocou com o primeiro time da MPB, como Fagner, Elba Ramalho, Chico Buarque, Roberto Carlos, Zé Ramalho, Gal Costa, entre outros expoentes de nossa música. No cenário internacional, acompanhou Pablo Milanez, Mercedes Sosa, Paco de Lucia. No ano passado lançou seu primeiro CD cantado, chamado “ Canções Perdidas” e no início de 2011 compôs  toda a trilha sonora para o Balé “Sagrada”.)



Música de primeira para embalar um encontro memorável entre a literatura e uma geração de músicos que continuam marcando época.

Presença confirmada de Cacau, Delma, Daniel, Bosco Oliveira, Luciana Barbosa, Zelito Passos e Manassés de Sousa (foto)

Serviço
                
Lançamento do livro e bate-papo com o autor: 
A Busca dos Posicionamentos Existenciais Sustentáveis
Luiz Carvalho Rocha


Data: 25 de agosto, quinta-feira, às 19 horas.
Música ao vivo.

Local: Restaurante Carpe Diem - SCLS 104 bloco D loja 01 (61) 3325-5301

Entrada: Franca
        
Classificação: Livre


Dos valores humanos



Quando se fala em valor, a primeira impressão que nos surge é a do enfoque econômico: “preço de um bem ou serviço, determinado pela interação da oferta e da procura” (definição variável de acordo com simplificação objetiva ou subjetiva). Mas, no enfoque filosófico, o termo valor designa “o caráter do que, de modo relativo (para um ou para alguns) ou de modo absoluto (para todos), é tido (ou deve ser tido) como objeto de estima ou de desejo”. Por ser tema recorrente do debate filosófico (como um problema ético e metafísico), o conceito passou a predominar (a partir de Lotze e Nietzsche), possibilitando a discussão de “critério de qualidade”, a concepção clássica do “bem como valor”.
Em tempo anterior a Cristo, o grande poeta latino Horácio (dono de riquíssima estética que primava pela precisão formal, pela sobriedade de expressão e pela serenidade diante da vida) já falava da importância da originalidade em oposição à imitação, da relação entre talento e trabalho, da finalidade da arte e do combate à mediocridade (utilizando a fórmula “há uma medida em todas as coisas”, ele recomendava regras de conduta que evitassem os excessos, sempre alertando que “o valor é algo que, se permanece oculto, pouco difere da inércia enterrada”.
Desde então o significado de valor passou a evoluir, alcançando hoje o conceito de “aquilo que uma pessoa, uma idéia ou uma coisa vale realmente”. Mas, quando o termo é relacionado ao ser humano, sua definição ficou mais adequada ainda como “qualidade objetiva pela qual determinada pessoa é estimável em maior ou menor grau” (em função de suas intenções, de seus atos).
Por certo critério de predominância (orientado em função de ações pessoais deliberadas e responsáveis), a classificação dos valores humanos (como um bem que se busca ou se cultiva) é determinada pela sua tríplice dimensão: lógica (no “amor à verdade”), ética (nos “valores morais”) e estética (no “amor à beleza”). A questão ainda comporta as dimensões adicionais da mística (na arte dos mistérios e das alegorias), da erótica (na arte das ligações amorosas de sexualidade explícita) e, até mesmo, da religião (no “amor a Deus”).
Na visão moderna do grande filósofo alemão Max Scheler (criador de uma antropologia filosófica cuja axiologia caracteriza os valores como “instituições essenciais puras, de entidades desprovidas de significação intelectual e irredutíveis à factividade e ao ser”). Sua obra, que valoriza os sentimentos em oposição ao “intelecto puro”, estabeleceu conceitos como o que afirma que “o valor compreende o conteúdo imediato de qualquer objetivo humano”.
Indiscutivelmente, a “força dos valores” pode expressar grande potência transformadora e modeladora dos bons costumes sociais, (através da transmissão dos melhores exemplos e de acordo com sua categoria): o valor vital responde às exigências de aperfeiçoamento do indivíduo (como a civilidade, o equilíbrio emocional, os traços harmônicos da personalidade e a elegância de maneiras); o valor ético, ou moral, responde às necessidades de sobrevivência e harmonia do grupo (como o bem, os direitos, os deveres, a honra, a caridade, a lealdade, a solidariedade e a fraternidade); o valor lógico responde às necessidades de conhecer e explorar, cientificamente, o mundo em que se vive, com suas verdades e seus erros; o valor estético responde às necessidades de ordem e criação interior, manifestadas de maneira emocional e espiritual (como o belo, o sensível e o sublime); o valor místico responde às necessidades do espírito sobre os mistérios ocultos da existência (como a alegoria, o figurado, o êxtase e o entusiasmo do ocultismo); o valor útil (que responde às necessidades primárias ou econômicas (como dinheiro, alimentação, saúde, diversão, sexualidade); o valor erótico responde às necessidades de descarga da energia sexual, através do exercício da sensualidade explícita (que evoca o prazer da relação amorosa); o valor jurídico responde às necessidades da justiça (como o direito); o valor religioso responde às necessidades inconscientes de proteção diante da angústia, do medo e da morte (como o sagrado e o profano, o divino e o laico, o santo e o pecador, o celestial e o terreno).
Por tudo isso, torna-se fácil admitir que valor seja tudo aquilo que se mostra intrinsecamente importante e desejável, em grau capaz de orientar o comportamento dos seres humanos (constituindo a propriedade ou o caráter do que é não somente desejado, mas determinado em função das principais atribuições de tudo que é realmente verdadeiro, belo ou bom). Ele é algo que corresponde à “qualidade objetiva” (de pessoas, idéias ou coisas) e que é apreensível mediante atos do sentir intencional (eqüidistantes do psicologismo e do logicismo).
 Todo valor tem seu caráter objetivo: não depende de preferências individuais (já que existe fora, antes e depois dos indivíduos concretos), isto é, existe a despeito da projeção dos desejos subjetivos (é uma qualidade humana objetiva, dotada de característica positiva). Enfim, ele corresponde ao mérito, ao merecimento, determinando a importância de primeiro grau para quem tem força, vigor, energia, coragem, préstimo e utilidade (tudo em prol da honestidade intelectual no respeito à verdade, no compromisso com a ética e no amor à beleza).
De acordo com os mais criteriosos graus de objetividade, a “escala de valores essenciais humanos” estabelece prioridade a quatro deles, determinando certa hierarquia, pela ordem de importância de cada um deles: vida, liberdade, verdade e ética.
Assim, por constituir uma espécie de “essência eterna, apreensível pela intuição emocional”, o valor termina funcionando como um “caráter cuja medida é a perfeição”, e está presente em cada um dos conteúdos imediatos de qualquer objetivo humano, como “produto do manifestar-se” (que cria a capacidade apreciativa da consciência), fazendo com que seus agentes sejam apetecidos, desejados ou estimados por uma pessoa ou um, grupo de pessoas.
Em geral, as pessoas que sabem ou sentem que não têm valor tratam de opor certa resistência intuitiva à ”teoria dos valores”, através de uma voluntária opinião (somente “autorizada” por poder constituir um suposto juízo que resultaria de um modo de ver ou de sentir). No entanto, quando seu ponto de vista é emitido por puro “achismo”, ele se transforma em verdadeiro palpite pessoal.
Na maioria das vezes, a opinião costuma revelar uma “idéia sem fundamento” (parecendo mais uma forma de assentimento ou adesão mental a uma proposição qualquer), embora de consistência insuficiente, já que é fruto de  conhecimentos duvidosos ou ligados a preferências do mais barato “gosto particular” (que é coisa do temperamento de cada um).  
Por outro lado, a opinião também pode assumir pompas de “teimosia orgulhosa”, pois assume a condição de “falsa potência que pode tomar posse de pessoas tolas, imbecis, aburguesadas ou loucas” (já que, para ter uma opinião, ninguém acha que precise de conhecimento básico ou experiência válida), embora a chance de explicitá-la seja reclamada como direito humano ao livre-arbítrio. Mas, depois de “cristalizá-la” na mentalidade, a maioria das pessoas incautas passa a reclamá-la como “preceito do tribunal de sua consciência” (capaz mesmo de examinar e rever sentenças da justiça ordinária).

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Da filosofia



Apesar de toda a importância da filosofia para o bom desempenho humano na “arte ou ofício de viver”, a maioria dos seres humanos ainda a vê em dois extremos: para muita gente de boa “inteligência sensível”, ela é muito importante, ao passo que, para os “distraídos do normal”, ela parece irrelevante (mas para as “elites dominantes”, ela nunca deixou de ser muito perigosa). No entanto, as pessoas sadias, alegres e felizes sempre a vêem como um ”sustento mental”, uma “atitude ética”, um “posicionamento crítico” ou, ainda, como um “símbolo de adesão a valores mais nobres”.
O tema central da filosofia é o “estudo do valor dos nossos valores”, e seu propósito maior é a “busca do conhecimento essencial” (atividade na qual ela fala com as artes, enquanto a religião fala com a história). Sua função de “articuladora crítica da sabedoria” propõe melhores níveis para a correta interpretação da realidade, bem como maiores perspectivas para que o ser humano aposte em ser sábio, usando a inteligência sem necessariamente ter de caminhar ideologicamente guiado pelos comandos massificantes.
A filosofia só é autêntica e válida quando compromete a existência e aceita todos os riscos que decorrem desse compromisso, pois a unidade e a coerência sistemática não passam de ilusão e absurdo: a realidade é múltipla e contraditória, e só a multiplicidade dos pontos de vista opostos pode traduzir a complexidade da existência.
A filosofia tem recebido as mais interessantes definições: “a visão responsável” (por Julián Marías), “uma volta consciente e refletida aos dados da intuição” (por Bergson) e ”uma bomba do pensamento contra a opinião, pois pensamos por conceitos, por funções ou por sensações, tratando de traçar planos sobre o caos, de lutar contra o caos, mas sua luta mais profunda é contra a opinião, porque é da opinião que vem a infelicidade dos seres humanos” (por Deleuze e Guattari).
O mundo moderno prefere ver a filosofia como um meio, uma forma de saber, uma atividade mental através da qual o ser humano pode aperfeiçoar sua capacidade de discernimento, de análise, de crítica, de fundamentação e de teorização. Mas, espera que ela seja dinamizada onde o clima de “cultura de massa” pode trazer a regressão ao irracionalismo, e onde os “meios de comunicação” podem mascarar os conflitos socioeconômicos gerados pelos efeitos do capitalismo, pois, afinal, seu propósito maior é “descobrir o sentido encoberto de uma realidade em oferta”, para desnudar as estruturas significativas dos fatos humanos (em seus aspectos práticos, afetivos ou teóricos).
A tendência da filosofia é integrar o conhecimento humano, gerando meios especiais de ver o mundo e de sintonizar melhores significados, sentidos e finalidades para a vida (de modo a que todos possam tirar seus melhores proveitos). Para tal, ela desenvolveu a estética que, em suas novas concepções, compreende o “estudo filosófico da arte” e, em seu sentido mais atualizado, “a ciência do belo associada à filosofia da arte” (que, em resumo, resultam em algo como “a ciência do pensar belo e correto”, cuja razão de ser é o conhecimento sensível). Por ter como tema central “o estudo do valor dos nossos valores”, a tradução mais séria da filosofia assume significados de “visão responsável”, e sua tarefa mais importante é “descobrir os valores universais da verdade”.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Da literatura


       


       A leitura de um livro é um exercício mental (está para a mente assim como o exercício físico está para o corpo). Portanto, ler constitui um hábito salutar para o pensamento (e todo bom livro é uma fonte de abastecimento para o equipamento cultural, pois a literatura já se tornou “um campo onde o possível prolifera e onde a alternativa tem seu lugar”.

A atribuição da literatura é criar obras de intenção estética e de acordo com princípios técnicos ou práticos, em atendimento a necessidades da humanidade ou de uma determinada cultura ou sociedade (suas bases técnicas foram estabelecidas pela publicação, em 1605, do livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, considerado o “marco zero” do romance moderno). Já sua revolução técnica foi provocada pelo lançamento, em 1922, do livro Ulisses, de James Joyce, introduzindo novos recursos de narração e criando o chamado “fluxo de consciência” (quando a narrativa acompanha a livre associação do pensamento do personagem, em tentativa de sondar níveis profundos da consciência).

No “romance moderno”, o enredo cedeu lugar a ritmos mais amplos, visando a aproximar-se dos movimentos musicais (talvez por assumir a sugestão de Bergson segundo a qual “somos aquilo que a música exprime”). A partir daí, ocorreram várias tentativas de fusão das duas artes: Manuel Bandeira chegou a declarar que “faço versos porque não sei fazer música”, e André Gide comentou que gostaria de “escrever algo semelhante à arte da fuga: se foi possível em música, não vejo porque seria impossível no meu ofício”.

Tão logo a maior parte da energia que se dirigia para a literatura se encontrou no teatro (e, depois, no cinema e na televisão), ela sofreu fortes impactos: a nova idéia de que “uma imagem vale mais que mil palavras” chegou a provocar sensações de vazio e frivolidade em certos círculos de escritores. Mas, logo a arte ou ofício de escrever acabou ganhando nova linguagem descritiva, através de frases mais curtas, diretas e enxutas (deixando de lado os psicologismos e tornando-se mesmo “cinematográfica”).

Assim, a literatura assumiu sua moderna condição de “produto cultural que não constitui entidade fixa, mas categoria movente, no tempo e no espaço”. Em sua relação com a política, sua luta não é mais contra a censura ou pelo direito à livre expressão, mas pelo poder escrever sobre a nova ordem mundial, as transformações políticas do mundo e o renascimento do fundamentalismo religioso. Nos tempos atuais, seus propósitos incluem, além de cumprir suas atribuições regulares, priorizar a necessidade de recuperar sua dimensão ética. Vejamos alguns enfoques importantes sobre a questão:

“A literatura é sempre uma expedição em direção à verdade” (Kafka)
“A função da literatura é transformar os acontecimentos em idéias” (Santayana)
“A literatura é o esforço do ser humano para indenizar-se de sua condição” (Emerson)
“A literatura é a expressão da sociedade, assim como a palavra é a expressão do ser humano” (Louis de Bonald)
“Toda literatura, qualquer é, a rigor, comprometida, pois mesmo o silêncio constitui uma opção decisiva” (Sartre)
“A literatura tem por dever legar ao futuro as virtudes da leveza, da rapidez, da exatidão, da visibilidade, da multiplicidade e da consistência” (Calvino

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Do livro






O livro, ora a ser lançado em Brasília, é um ensaio livre (forma de expressão que se transformou em gênero literário) caracterizado por análise de idéias, através de abordagem do tema da vida, em prol da busca de posicionamentos existenciais mais sintonizados com a “realidade em oferta” (ora imposta, com cuidados estratégicos, pela “mídia dos sistemas de poder”), campo em que o quartel-general das elites dominantes só se preocupa em garantir a “liberdade do mercado” e tornar sustentável a “governabilidade do sistema” (mas visando apenas a “manter as coisas como estão”). O livro expõe, em texto situado entre o poético e o didático, considerações sinceras a respeito do tema, embora sob caráter experimental e limitado, mas embasado em honesta observação da vida real, tratando do assunto por um prisma novo e pessoal.

Por sua vasta abrangência sobre o mais importante dos temas, o trabalho do autor pode ser visto como “livro de consulta”, “livro de referências”, ou, até mesmo, como “livro de cabeceira”.  Se o livro é bom,  o hábito de ler pode ser uma atividade salutar, pois o livro não late, não morde nem transmite doenças, mas dá prazer, excita neurônios e incita a produção de hormônios.

Nas palavras do próprio autor, o livro tem caráter de “convite aberto à inteligência sensível” (visando a compartilhar conhecimento, ordenar o pensamento, organizar as idéias e direcionar a sensibilidade para tirar proveitos da existência) e, ao mesmo tempo, disponibiliza uma “proposta de reflexão serena” (de natureza ética e filosófica). A organização do texto foi concentrada na pretensão de produzir um trabalho de caráter eminentemente filosófico, embora devidamente calçado de embasamento técnico-científico. Para uma melhor “digestão” do conteúdo, o texto foi bem condimentado com, humor inteligente e ironia fina, além de algumas irreverências cabíveis (necessárias ao entendimento das mazelas do “bicho humano”).

Como crítica filosófica sobre a condição humana, o livro analisa as mais interessantes verdades práticas e conceituais, em esforço de compreensão da vida e do ser humano contemporâneo, permitindo filtrar, através da inteligência sensível, seus significados e finalidades. Por isso, o livro pode ser interpretado como “crítica filosófica sobre a vida”, pois, enquanto a Ciência trata de mostrar o que é verdadeiro ou falso, enquanto a Arte se dedica a sublimar o que é belo, enquanto a Religião pretende valorar a guerra “bem x mal”, a Filosofia assume sua importante missão de explicitar o que é certo ou errado (após sacar o que há de “essencial” nas outras três grandes áreas do conhecimento humano).

No sentido grego da palavra, filosofia quer dizer “amor à sabedoria” (incluindo a dedicação às verdades conceituais que resultam da integração do conhecimento para gerar um modo especial de ver o mundo e compreender a vida). Ela nasceu, há cerca de 3.000 anos, com a descoberta do logos (traduzido como “razão demonstrativa” ou “reflexão sobre todas as formas do fazer e do agir humanos”).

Como “consciência prática da experiência humana considerada em sua totalidade”, a filosofia abrange o esforço combinado da razão teórica (em conhecer o real) e da razão prática (em transformá-lo). Seu trabalho, de cunho social e educativo, procura dar, ao ser humano, um conjunto de finalidades úteis, propondo uma série de razões positivas, promovendo o desenvolvimento da consciência e propondo a concórdia entre os humanos.